"Mulher de ferro", furto de tênis e argentino descolado: em Maceió, Ironman reúne personagens marcantes
Competição reuniu atletas de 14 países e 20 estados brasileiros
Suor, sacrifício e superação: o Ironman Brasil reuniu mais de 1.300 atletas da América e da Europa em Maceió, neste domingo. A etapa começou bem cedinho, mas antes de o relógio marcar 6h, já tinha atleta espalhado pela orla marítima da capital para o início das provas de natação, ciclismo e corrida.
Aquecimento, preparação, concentração e um objetivo: completar a prova com segurança. Uns queriam bater os seus recordes pessoais, outros tinham como meta cruzar a linha de chegada. A prova é dura: pode chegar a mais de oito horas de duração. Tem que ter pique, tem que ter fôlego, tem que ser homem e mulher de ferro para encarar esse desafio.
E ele foi encarado por Hedla, Sydirlan e Miguel, que driblaram a desconfiança e até o improvável para conseguir finalizar a prova. Com a medalha no peito e o sorriso no rosto, a cearense, o alagoano e o argentino vibraram com a conquista.
Se a competição se chamasse Ironwomen, Hedla seria a representante perfeita. A cearense pratica triatlo há 15 anos e nesse tempo já disputou várias edições do Ironman. Tem experiência de sobra, e foi assim que ela participou de sete eventos no Havaí, que é considerada umas das provas mais duras do mundo. Hedla está com 60 anos e tem saúde para vender.
– Vou para o meu 23º Ironman. O primeiro foi em 2009. Vim da natação, fui da seleção brasileira nos Jogos Pan-Americanos. Me engajei no triatlo e não consigo sair mais. É a oitava vez que vou participar do Ironman no Havaí. Lá é o sonho de todo triatleta de longa distância. O Havaí é como se fosse a Olimpíada para o pessoal da velocidade. Lá se encontram os melhores do mundo. Para estar lá, não basta só se inscrever, tem que ter ganho em algum lugar do mundo.
Dale, "arrentino"
Miguel viaja pelo mundo disputando provas do Ironman. Ele tem 54 anos e é de San Juan, Argentina. Descolado, o argentino não perde tempo: vê uma competição de triatlo, arruma as malas e embarca na aventura de correr, nadar e pedalar em terras desconhecidas. Essa foi a primeira vez dele em Maceió, e o triatleta se apaixonou pelo azul do mar de Pajuçara.
– Ah, a prova foi excelente, pude desfrutá-la muito. O triatlo é meu esporte, é minha paixão. Me sinto muito feliz de estar aqui podendo disputar essa competição e fazer o que mais gosto. Estou contente com as provas. Posso dizer que sou um atleta regular nas três modalidades, as faço muito bem de forma igual, não tem uma que seja a preferida. E competir aqui é maravilhoso. O lugar é muito lindo, é a primeira vez que venho aqui. Eu espero poder voltar logo.
"Até o fim"
Hedla e Miguel tiveram uma boa experiência com a etapa alagoana do Ironman, o mesmo não se pode dizer de Sydirlan. O alagoano se preparou para prova, dedicou o tempo nos treinos, mas neste domingo se viu no meio de uma grande confusão. É que ele percebeu que o par de tênis com que ele iria competir, tinha sido furtado. Ele precisou arrumar um sapato improvisado para correr. Isso mesmo, sapato. O resultado? Uma bolha no pé. Mesmo no sacrifício, ele completou a prova.
– Essa prova foi muito dura para mim. O sol castigou muito. Muita gente passou mal, mas é a prova. E passei por algo que foi bem difícil. Algum competidor pegou meu tênis no penalty box. Eu arrumei um sapatênis emprestado do Staff e corri os primeiros 7km sem meia, e o resultado disso foi uma bolha enorme no pé. Só depois consegui emprestado um tênis com meia... Só nessa história eu perdi uns 12 minutos. Tive que terminar a prova. Sou das operações especiais da Polícia Militar, e lá nosso objetivo tem que ser cumprido, então aqui a minha missão foi cumprida.
Essa é a segunda vez que Maceió recebe uma etapa do Ironman – a primeira foi no ano passado. O evento reuniu atletas dde 14 países da América do Sul e do Norte, além da Europa. Diretor da prova, Carlos Galvão espera que outras edições sejam realizadas em Alagoas.
– O Ironman veio para ficar. O evento que em seu segundo ano já está consolidado. A ideia é que o evento se perpetue aqui por vário anos. Fazendo dessa prova, a melhor prova do circuito mundial. Em 2019 terá outra edição do evento, aqui em Maceió. Não estamos olhando só para 2019 e 2020, estamos pensando lá na frente, também.
por globoesporte.com/Maceió
fotos Viviane Leão/Josué Seixas/ João Alvim