Aposentado, Sandro Meira Ricci defende Chicão em AL: "Quanto mais subiu, mais porrada tomou"
Único árbitro do Brasil na Copa da Rússia dá palestra em Maceió, fala sobre as polêmicas do VAR e lembra passagens marcantes da carreira. "Sempre quis ser o melhor, sempre quis ser o primeiro"
Ex-árbitro da Fifa, Sandro Meira Ricci foi a grande atração de um seminário em Maceió sobre as inovações da arbitragem nacional e o uso do VAR (árbitro de vídeo).
Para ele, quem não se adaptar à tecnologia, não vai ter futuro na carreira. Sandro falou para uma grande plateia nesta sexta, no auditório do Cesmac.
Quem estava no evento era o árbitro alagoano Francisco Carlos do Nascimento, o Chicão, indiciado por um suposto esquema de manipulação de resultados na Paraíba. Pelo mesmo caso, ele também será julgado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e corre o risco de ser banido do futebol.
Ricci conversou com o colega antes da palestra e defendeu Chicão no seminário.
Carreira
Sandro iniciou a carreira com 29 anos, em 2003, e foi o único árbitro do Brasil na Copa do Mundo da Rússia. Também trabalhou no Mundial de 2014 e se aposentou recentemente.
- Eu sempre quis ser o melhor, sempre quis ser o primeiro. E isso não é falta de humildade. Falta de humildade é não aceitar ser o segundo.
Sobre a despedida, aos 43 anos, o mineiro Ricci foi econômico.
- Eu não sinto saudade da arbitragem, me preparei muito para essa saída
Sandro também disse que é preciso ser forte para encarar uma carreira tão complicada. Ele conquistou o escudo da Fifa em 2011.
- Os árbitros são educados para valorizar os erros. No mesmo jogo, se o árbitro acerta vários lances difíceis, não mostram, colocam apenas o lance do único erro do jogo.
Árbitro de vídeo
O VAR está no centro das discussões da arbitragem e foi um dos temas mais aguardados na palestra. Recentemente, o árbitro de vídeo gerou polêmica na final da Copa do Brasil entre Corinthians e Cruzeiro.
- O VAR não está lá só para dizer se foi erro claro ou não a partir do momento que o árbitro disse: 'Não vi', é um incidente não visto e pode ser revisto - disse Sandro.
Esposa de Ricci, a ex-assistente Fernanda Colombo aprofundou o tema.
- Inicialmente, o VAR é indicado para quatro situações: impedimento, gols, expulsões diretas e identificação de jogadores. Lances interpretativos são da arbitragem dentro de campo. O VAR deve ser utilizado para lances claros. Quando o árbitro fala que não viu o contato, o VAR pode chamar o árbitro para rever o lance - comentou Fernanda.
- A Fifa teve que mudar essa parte de lances claros depois da Copa do Mundo, pois esses lances claros estavam na mão do VAR, da interpretação do VAR. Então, a Fifa resolveu dar a oportunidade para o árbitro rever os lances interpretativos, mudou um pouco a regra - completou.
Sandro também falou sobre a polêmica expulsão do zagueiro Dedé na Libertadores, no jogo entre Boca e Cruzeiro.
- No lance do Dedé, o árbitro já tinha visto o lance, o VAR não deveria ter chamado, mas chamou. Mas é o seguinte: quem se adaptar a essa nova tecnologia, vai viver, quem não se adaptar, vai morrer, simples assim. O árbitro precisa ter personalidade, não pode sempre acatar a decisão do VAR. Não pode mudar sua decisão só pelo fato do VAR ter chamado.
por globoesporte.com/Maceió
foto Lucas Mendes