Chuteira no chão, vestiário quente e desabafo: Alemão dá sua versão sobre a saída conturbada do CSA - Programa Show de Bola

GOVERNO DE ALAGOAS

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Chuteira no chão, vestiário quente e desabafo: Alemão dá sua versão sobre a saída conturbada do CSA

Atacante diz não concordar com a decisão de Marcelo Cabo de dispensá-lo. Em tom de despedida, manda recado à torcida: "Saio triste por não ter ajudado da forma que queria"


A torcida do CSA foi pega de surpresa nesta segunda-feira com a notícia da saída do atacante Alemão. Pela manhã, o presidente do Conselho Deliberativo, Raimundo Tavares, informou que um problema, um desgaste, entre o atacante e o técnico Marcelo Cabo foi o motivo para a dispensa.

Alemão aceitou dar entrevista e revelou o que houve no intervalo da partida de sexta, contra a Ponte Preta.

- No jogo contra a Ponte Preta, eu vinha treinando muito bem, eu era titular e saí do time. O Marcelo [Cabo] me deu a oportunidade de jogar de titular contra a Ponte Preta e eu já estava nessa angústia de não poder fazer gols, daí eu faço um gol, o juiz valida e depois anula ...

Quando ele me tirou do jogo, veio um turbilhão de coisas na minha cabeça, o juiz anulando o gol, a fase de não estar fazendo os gols que tanto fiz ... Se coloca no meu lugar! E aí eu joguei a chuteira no chão. Quando eu joguei a chuteira no chão, o Marcelo estava conversando com a equipe. Então, ele achou que foi uma falta de respeito eu ter jogado a chuteira no chão. Só que no momento em que eu joguei a chuteira no chão, eu não levantei a voz com ele, não xinguei, não fiz nada. Imediatamente que eu joguei a chuteira no chão e vi que ele estava falando, eu pedi desculpas.

Alemão justificou o desabafo no vestiário.
- Essa atitude foi mais por mim mesmo, pela fase [ruim], eu estava me cobrando. Eu não quis faltar com respeito com ao Marcelo Cabo, de quem eu gosto muito, tenho uma amizade por ele. Só que, infelizmente, ele ficou bravo com a minha atitude e aí passou para a diretoria que não queria mais ficar comigo. E eu vou sempre respeitar a opinião do treinador, mas, no meu modo de ver, isso não foi motivo [de ser dispensado].

O atacante, de 29 anos, disse também que respeita a decisão do treinador de cortá-lo do grupo, mas não concorda. Alemão lembrou que sempre cumpriu com as obrigações no clube.

- Eu, como jogador e como ser humano, tenho que respeitar a opinião de cada um. O futebol tem uma hierarquia, a gente é subordinado, recebe ordens e eu respeito a decisão do Marcelo. Porém, não concordo. Eu nunca tive nenhum ato de indisciplina no clube, nunca faltei a nenhum treino, sempre fui trabalhador. Infelizmente, as coisas não aconteceram dentro de campo. Mas não foi porque eu não quis. Por mim, eu queria estar com 30 gols no campeonato.

Alemão garante que, até o episódio de sexta, nunca teve nenhum problema com Marcelo Cabo e até citou que o técnico lhe passava muita confiança antes dos jogos.

- Sempre tive uma relação das melhores com o Marcelo. Ele vem frequentando a igreja, o Marcelo vinha sempre me ajudando, dizendo que eu tinha a confiança dele, sempre me passou tranquilidade para eu poder trabalhar. Em todas as minhas entrevistas, eu sempre disse que o Marcelo está pronto para assumir qualquer time do Brasil. Eu tenho uma relação boa com ele. Acho que só nesse caso que não foi legal da parte dele, mas respeito.

O atacante disse ainda que concordou com a opção do técnico de tirá-lo do time.

- Não acho que houve injustiça, não, porque o atacante ele vive de gols e eu entendi que era o momento que eu tinha que sair mesmo e trabalhar. Então, eu trabalhei e, quando voltei, achei que poderia ter mais oportunidades. Porém, aconteceu tudo o que aconteceu. Mas não tenho nenhuma reclamação em relação a isso [banco de reservas], e eu acho que a minha fase dentro do CSA não foi boa. Poderia ter sido muito melhor e eu vou embora com a sensação.

Alemão disputou 12 partidas pelo CSA e não marcou nenhum gol. No dia da despedida, ele deixou uma mensagem para a torcida.

- O futebol, como na vida, dá muitas voltas, muitas voltas mesmo. Neste ano, eu não consegui fazer os meus gols e ajudar ao CSA. Eu agradeço demais o carinho e o respeito que o torcedor teve comigo quando eu cheguei, até pelas críticas, eu agradeço. Eu fui um jogador que eles botaram muita fé. Saio daqui triste por não ter ajudado da forma que eu poderia ajudar, mas espero que um dia eu possa retribuir esse carinho da maneira que for.

por Denison Roma
foto Aírton Cruz